Está se aproximando uma das datas mais especiais do ano. No dia 08/03, comemoramos o Dia da Mulher. A data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas), na década de 1970.
Mas você sabe a importância desse dia?
Pois ele não é apenas para as mulheres receberem homenagens e presentes. A data é um convite à reflexão de como as mulheres são tratadas pela sociedade atual. Porém, as reflexões não se limitam apenas ao campo profissional, elas se estendem até nossas relações afetivas, sociais e familiar.
É uma data que simboliza a luta das mulheres para terem as condições equiparadas às dos homens. No início, o dia remetia à luta pela igualdade de salários entre homens e mulheres, porém, hoje o dia 8 de março, remete não apenas à igualdade de remunerações, mas também contra o machismo e violência.
E nós, do App Minha Escola, vamos trazer um conteúdo mega especial para esse dia tão importante. Separamos a história de três mulheres que não inspiram apenas outras mulheres, mas também diversas outras pessoas.
Vamos começar falando da escritora, musicista e professora primária, Maria Firmina dos Reis. Ela nasceu em São Luís, no estado Maranhão, no dia 11 de março de 1822. Era filha da escrava alforriada Leonor Felipa dos Reis e, possivelmente, de João Pedro Esteves, um homem rico da região.
Úrsula, sua obra mais conhecida, foi publicada em 1859, com o pseudônimo de Uma Maranhense. A partir daí, Maria Firmina dos Reis passou a escrever para vários jornais, nos quais publicou alguns de seus poemas. Escreveu uma novela, um conto, publicou um livro de poesias, além de composições musicais.
Em 1880, adquiriu o título de mestra régia. Nesse mesmo ano, criou uma escola gratuita para crianças, mas essa instituição não durou muito. Por ser uma escola mista, a iniciativa da professora, na época, provocou descontentamento em parte da sociedade do povoado de Maçaricó.
Assim, a escritora e professora entrou para a história como a fundadora, segundo Zahidé Lupinacci Muzart (1939-2015), da “primeira escola mista do país”. Já aposentada, continuou lecionando em Maçaricó para filhos de lavradores e fazendeiros.
Morreu em 11 de novembro de 1917. Segundo José Nascimento Morais Filho (1882-1958), estava cega e pobre. Sua obra ficou esquecida até 1962, quando o historiador Horácio de Almeida (1896-1983) colocou a escritora em evidência.
Recente mente, as pesquisas sobre a vida e obra de Maria Firmina dos Reis e a divulgação do seu nome intensificaram-se, e, aos poucos, a escritora vai sendo integrada ao cânone literário brasileiro.
Algumas das obras de Maria Firmina dos Reis
Úrsula (1859);
Gupeva (1861);
Cantos à beira-mar (1871);
A escrava (1887);
Hino da libertação dos escravos (1888);
Emilia Ferreiro, nascida em 1936. Formada em Psicologia, pela Universidade de Buenos Aires e fez o seu doutorado na Suíça sob orientação de Jean Piaget, seguindo a linha de pesquisa da Psicolinguística Genética.
Emilia se tornou uma pesquisadora, escritora e psicóloga e referência em educação infantil na América Latina. Através da psicolinguística buscou entender como as crianças aprendem a ler e escrever.
Assim como Jean Piaget, Emília também acredita que as crianças possuem um papel ativo e essencial em seu aprendizado, construindo o próprio conhecimento. Ambos propõem que escolas não devem focar exatamente no conteúdo, mas sim no sujeito que o aprende.
Seguindo essas ideias, Emilia Ferreiro procurou observar os processos de construção da alfabetização e da linguagem escrita, tornando-se uma grande crítica da alfabetização tradicional.
Segundo Emília, esta julga a prontidão das crianças da leitura e da escrita por meio de sua coordenação motora e de sua capacidade de decifrar sons e sinais, dando importância exacerbada para a questão exterior da escrita e relevando a compressão da organização alfabética e da devida compreensão de sua natureza.
Emília acredita que a alfabetização é um caminho para se apropriar das funções sociais da escrita e todos os benefícios que ela pode proporcionar.
Para ela, a função social da escrita deve ser desenvolvida com o uso de textos atuais, como de jornais e revistas, além de outros livros e histórias, criando um aprendizado significativo, palpável e mais enriquecedor.
Magda Soares, nascida em 07 de setembro de 1932, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Graduou-se em Letras, fez doutorado e livre-docente em Educação.
Professora, escritora e é autora de 12 livros, especialmente didáticos de Língua Portuguesa. Docente titular emérita da Faculdade de Educação da UFMG, é pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), da Faculdade de Educação da UFMG.
Sempre quando alguém pensa em alfabetização, é automático lembrar na educadora e pesquisadora Magda Soares.
Ela é referência na educação infantil, na alfabetização e letramento. Tem uma longa lista de obras que foram publicadas.
A biografia de Magda Soares é invejável. Maior entusiasta dos estudos, ela afirma que a aprendizagem do sistema de escrita deve ocorrer simultaneamente à aprendizagem dos usos sociais desse sistema, o que ela caracteriza como “alfaletrar”.
Para a pesquisadora, não deve existir somente um único método de alfabetização, além disso, faz críticas ao Plano Nacional de Alfabetização (PNA), que recomenda o método fônico.
Um termo que vem sendo muito utilizado no nosso país é o “letramento”. Este se refere à compreensão da leitura e da escrita enquanto práticas sociais, no que tange à linguagem portuguesa no nosso dia a dia. Já a alfabetização está relacionada às regras gramaticais enquanto código.
Segundo Magda Soares, esses dois pilares devem ser trabalhados simultaneamente, assim como as teorias e práticas que interagem entre si.
Ao criticar o processo de alfabetização no Brasil, a pesquisadora cita que o fracasso na educação acontece tanto entre crianças quanto em jovens e adultos, e que isso ocorre durante a aprendizagem da escrita e leitura, que se agrava posteriormente.
Além disso, Soares enfatiza que a população com baixo nível de leitura, compreensão e interpretação, não tem uma educação de qualidade.
O principal foco dos seus trabalhos é a formação voltada para trabalhar com a linguagem escrita na Educação Infantil, mas também nos anos que se iniciam o Ensino Fundamental. Por isso, desenvolveu o Projeto Alfaletrar, em sua página na internet.
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